Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
16 outubro 2016
Texto de Marta Xavier Cuntim (Psicóloga, Especialista em Sexologia Clínica) Texto de Marta Xavier Cuntim (Psicóloga, Especialista em Sexologia Clínica) Ilustração de Mantraste Ilustração de Mantraste

Ganhe tempo

​A ejaculação prematura tem solução.

A Ejaculação Prematura (EP) é uma das disfunções sexuais masculinas mais frequentes nos homens com idade inferior a 60 anos e, ainda assim, uma das mais menosprezadas. De acordo com a definição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V), um em cada cinco homens sofre de ejaculação prematura, o que significa que afecta mais homens do que a disfunção eréctil. No entanto, a disfunção eréctil acaba por ser mais falada e discutida e, por isso, há maior sensibilidade para esta, o que não acontece com a EP.

A International Society for Sexual Medicine (ISSM) define a ejaculação prematura primária (primária, porque acontece desde o início da vida sexual do homem) como «uma disfunção sexual masculina caracterizada por ejaculação que ocorre sempre, ou quase sempre, antes de ou até um minuto após ter-se iniciado a penetração vaginal; incapacidade para retardar a ejaculação em todas, ou quase todas, as penetrações vaginais; e consequências pessoais negativas, como sofrimento, frustração e/ou evasão da intimidade sexual».

Falar de problemas sexuais é muitas vezes difícil para os homens, assim como para os clínicos. Sendo este um tema sensível, desencadeia habitualmente sentimentos de vergonha e ansiedade. A ejaculação precoce é frequentemente negligenciada pelos homens, que a relacionam com elevados níveis de stress ou a ignoram, em parte por não acreditarem nas soluções disponíveis.

Também é comum os homens procurarem estratégias alternativas (na Internet e sex shops), de forma a “tratarem” a sua disfunção, bem como aliviarem o sofrimento causado pela patologia na relação com a(o) parceira(o). Estas tentativas revelam-se muitas vezes frustrantes, agravando o desconforto e o stress, ao mesmo tempo que conduzem os homens a sentimentos de desespero por não acreditarem em soluções.

A ejaculação precoce tem impacto em todos os aspectos da vida do homem e a(o) parceira(o). Esta disfunção diminui a qualidade de vida e afecta negativamente a relação do casal: 44% dos homens afectados pela disfunção referem sentimentos de frustração, 36% ansiedade e 20,4% depressão. Metade dos homens afectados (face a 34% dos homens não afectados) acredita que a relação com a(o) parceira(o) seria mais intensa se a(o) conseguisse satisfazer sexualmente, isto porque a EP afecta negativamente a satisfação da parceira com a vida sexual e o relacionamento.

Uma vida sexual satisfatória é fundamental para uma boa relação de casal. As dificuldades e insatisfação sexual podem causar frustração, raiva e desilusão, bem como ter um impacto negativo na intimidade e harmonia do casal. Dito de outra forma, existem vários aspectos relacionados com a EP que podem ter efeitos negativos no casal.

Os homens com EP e as(os) suas(seus) parceiras(os) apresentam:

  • Redução dos níveis de funcionamento sexual
  • Redução do nível de satisfação com as relações sexuais
  • Redução da qualidade de vida global
  • ​Níveis elevados de frustração
  • Níveis elevados de dificuldades interpessoais
​​
Os homens com esta dificuldade consideram que não proporcionam uma vida e satisfação sexual adequada às(aos) suas(seus) parceiras(os), mas escondem o problema.

A EP é um problema que o casal deve procurar resolver em conjunto, à semelhança de outras dificuldades sexuais. O diálogo une o casal e representa uma das “armas” mais eficazes na procura de uma solução. Aqui, o papel da(o) parceira(o) revela-se essencial, uma vez que facilita a tomada de consciência do problema e promove a procura de ajuda. De facto, é muitas vezes graças à(ao) parceira(o) que os homens procuram o médico, o que constitui um procedimento fulcral e a única forma de diagnosticar o problema com precisão, apurar a causa e prescrever, se necessário, um tratamento eficaz.

Em suma, a EP é um assunto difícil e custoso de abordar, mas falar abertamente com um especialista é a única forma de o ultrapassar. Assim, torna-se fundamental:

  • Superar tabus e inibições ao falar da EP
  • Reconhecer que a EP é um problema clínico que pode ser tratado com sucesso
  • Ir ao especialista para obter um diagnóstico correcto e conseguir o tratamento adequado.
Notícias relacionadas