«Não queremos que a saúde seja posta em saldos», defendeu o vice-presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF). «Os descontos nos medicamentos não ajudam nem a população, nem os profissionais de saúde, nem as farmácias», argumentou Lucas Chambel, falando à margem do encontro que teve com o presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que subscreveu a tomada de posição sobre descontos e concorrência nas farmácias comunitárias, promovida pela APEF.
«Não podemos, e bem, promover o consumo dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM). Mas, ao mesmo tempo, incentivamos o seu consumo através de uma publicidade desenfreada e sem quaisquer regras», criticou Paulo Cleto Duarte. O presidente da ANF saudou os estudantes de Farmácia por darem visibilidade ao tema e considerou que a prática de descontos em Portugal, «única a nível internacional», é «claramente, um problema de saúde».
Os estudantes de Farmácia pedem para continuar a aplicar na vida profissional o que aprenderam na universidade. «Queremos encontrar um futuro profissional onde sejamos julgados pela componente técnico-científica e pelo aconselhamento que damos aos cidadãos, não pela forma como praticamos os descontos», explicou o representante da APEF. Em breve, a associação vai lançar a campanha "Competimos pelo Melhor Aconselhamento", para sensibilizar os profissionais de saúde e a sociedade para o tema.
A reivindicação mobilizou, além da ANF, outros parceiros da saúde: Ordem dos Farmacêuticos, Associação das Farmácias de Portugal, Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos e Sindicato Nacional dos Farmacêuticos. Os signatários pedem a aprovação de legislação que limite ao máximo de 3% o desconto permitido sobre a parte não comparticipada de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM). Propõem, ainda, a discussão do tema pelos parceiros da saúde, a tutela e a Autoridade da Concorrência, bem como a inclusão nas agendas dos partidos políticos.