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1 junho 2018
Texto de Mário Beja Santos  (Técnico de Defesa do Consumidor) Texto de Mário Beja Santos  (Técnico de Defesa do Consumidor)

A prudência é a alma do negócio

​​Tomar a pílula do dia seguinte não é para todas. O aconselhamento faz toda a diferença. 

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Uma das conquistas da modernidade foi a separação entre a relação sexual e a procriação graças a métodos de contracepção. As famílias passaram a poder decidir ter os filhos desejados, quando entendessem. Há circunstâncias que podem levar à redução da eficácia do contraceptivo oral, e daí a recomendação, dentro de requisitos específicos, do uso da pílula do dia seguinte.

Esta pílula faz parte da chamada contracepção oral de emergência (COE), método, que, por definição, é só para emergências. A COE tem uma eficácia tanto maior quanto mais rapidamente for efectuada e não substitui o uso regular do método contraceptivo habitual, devendo sempre associar-se a um método barreira (como o preservativo) até ao início da menstruação seguinte.

Há dois tipos:
  • a pílula com acetato de Ulipristal, de toma única, de dispensa exclusiva na farmácia, sem necessidade de receita médica, após avaliação da situação por um profissional de saúde e mediante um protocolo estabelecido pelo INFARMED. Deve ser utilizada até cinco dias após a relação sexual desprotegida ou indevidamente protegida
  • a pílula com Levonorgestrel, de toma única, de venda livre em farmácias e outros locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. Deve ser utilizada até três dias após a relação sexual desprotegida ou indevidamente protegida

O farmacêutico é fundamental

A toma de qualquer uma destas pílulas implica a avaliação da situação e estado de saúde da utente. À luz da saúde pública, deve haver sempre aconselhamento por um profissional de saúde na dispensa destas pílulas, para poder avaliar cada caso, nomeadamente saber a resposta às seguintes questões:

  • Qual a frequência da toma (já tomou COE durante este ciclo menstrual)?
  • Identificação de medicamentos que possam interferir na eficácia da COE (como é o caso de medicamentos ou suplementos contendo hipericão, mas há outros).
  • Problemas de saúde (doenças da coagulação, doença hepática grave, doença de Crohn, entre outras).
  • Trata-se de uma mulher a amamentar? A COE é eliminada pelo leite materno, a mulher a amamentar deve suspender a amamentação durante um período de oito horas (no caso do Levonorgestrel) ou nos sete dias seguintes (no caso do Ulipristal);
  • O farmacêutico deverá também prestar informação quanto a possíveis efeitos secundários: náuseas e vómitos, tensão mamária, dores de cabeça, abdominais e pequenas hemorragias vaginais. Se ocorrerem vómitos ou diarreia nas três primeiras horas após a toma do comprimido, a toma da COE deve ser repetida.

São questões difíceis de esclarecer se a pílula estiver nas prateleiras de um qualquer supermercado.

Se o seu farmacêutico lhe colocar questões como as que mencionámos acima, deve responder sem resistência e com verdade, são questões que fazem parte de um protocolo destinado a garantir a segurança da utilização da pílula do dia seguinte. Como em tantas outras situações, tem tudo a ganhar usando e abusando do aconselhamento farmacêutico.