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8 novembro 2016
Texto de Nuno Monteiro Pereira (Urologista e Andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (Urologista e Andrologista) Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Vencer o Adamastor

​​​​​​Só o nome assusta a maioria dos homens. A disfunção eréctil afecta 13% da população masculina portuguesa. Mas há boas notícias: é possível ultrapassá-la. Um especialista faz o retrato da doença e o roteiro das soluções.
​O que é a disfunção eréctil? 
A disfunção eréctil pode ser definida como a incapacidade persistente para obter ou manter uma erecção peniana que permita a um homem ter relações sexuais satisfatórias. Significa o mesmo que “impotência sexual”, embora este termo seja pouco utilizado pelos médicos, excepto para descrever um grau extremo de disfunção eréctil.

O que pode estar na origem do problema?
Cerca de 20% dos casos de disfunção eréctil devem-se exclusivamente a factores psicológicos. Entre eles, encontram-se a ansiedade, a depressão, a falta de auto-estima, o sentido de culpa e o medo de falhar. Mais de 80% dos casos devem-se a causas físicas, sendo a mais frequente a insuficiência arterial, geralmente devida a aterosclerose, hipertensão ou tabagismo, situações que determinam diminuição do aporte sanguíneo ao pénis. Menos frequente é a insuficiência venosa, correntemente chamada “fuga venosa”, caracterizada por erecções de curta duração devido ao esvaziamento do sangue peniano em pleno acto sexual. É uma anomalia que pode ser congénita, se a disfunção existe desde a adolescência, ou tardia. Neste último caso, deve-se quase sempre a diabetes, nódulos inflamatórios do pénis (doença de Peyronie) ou, simplesmente, não se encontra qualquer explicação. Outra causa muito frequente de disfunção eréctil é a tóxica e a medicamentosa. Pode estar presente em cerca de 25% das perturbações erécteis. Para além das drogas ilícitas, onde dominam a cocaína, a heroína e o ecstasy, encontram-se os anti-hipertensores, os antidepressivos, os supressores do apetite e algumas hormonas.

Quais as formas de ultrapassar esta situação?
Uma regra básica da terapêutica da disfunção eréctil de causa orgânica impõe que se tentem medidas pouco invasivas antes de se avançar para medidas mais invasivas. As terapêuticas de primeira linha são aquelas que podem ser prescritas por qualquer médico, e são sobretudo constituídas por atitudes preventivas e pelas terapêuticas orais, extraordinariamente eficazes. As terapêuticas de segunda linha, reservadas para situações que não melhoram com as terapêuticas de primeira linha, devem ser aplicadas por andrologistas e são sobretudo constituídas por injecções penianas de substâncias vasoactivas. A última linha terapêutica, para situações que não respondem aos tratamentos anteriores, é exclusivamente constituída pelas implantações cirúrgicas de próteses penianas, uma solução cara e com alguns riscos, mas que pode ser extremamente eficaz se executada por urologistas com treino em cirurgia do pénis.


Tratamento individual ou do casal? 
A psicoterapia na disfunção eréctil exige o envolvimento dos dois parceiros sexuais e tem por objectivo melhorar a comunicação no casal e aumentar a autoconfiança do doente, eliminando a antecipação do falhanço e tentando substituir a ansiedade pelo prazer sexual. Deve ser exclusivamente orientada por um terapeuta sexual e pode assumir um simples aconselhamento ou uma terapia específica. Mas é potencialmente útil em todas as situações de disfunção eréctil, mesmo na presença de compromisso orgânico. Pode também ter um papel importante no apoio a um tratamento medicamentoso ou cirúrgico.

Artigo publicado originalmente na Revista Saúda 08
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