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17 dezembro 2016
Texto de Rita Leça Texto de Rita Leça Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Todos à água!

​​​​​​Farmacêutica desafia-nos a praticar remo.

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Treina quase todos os dias. Sai da farmácia ao final da tarde directamente para a Associação Naval de Lisboa (ANL). Lá, faz exercícios para fortalecer os braços, as costas e, principalmente, as pernas. «A maioria das pessoas não tem esta noção, mas o grande motor do remo são as pernas», diz Dulce Várzea, proprietária da farmácia Várzea, em Lisboa. Para isso, frequenta o ginásio da ANL «entre duas a três vezes por semana» e no barco, já no Tejo, outras tantas. Tem ainda tempo para correr, todos os dias, às 6h da manhã.

«O desporto ajuda-me no trabalho. Gerir uma farmácia não é fácil e, assim, consigo a concentração e a energia que preciso», garante Dulce Várzea.

Tudo começou há três anos, «por curiosidade e porque queria um desporto de equipa, onde pudesse competir. Uns amigos, que já praticam remo há vários anos, convenceram-me. É um desporto muito exigente, não se aprende com facilidade, mas é muito  recompensador».

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​​​Hoje, viaja pelo país para participar em provas de equipa, em barcos de duas, quatro ou oito pessoas. Também há o barco individual, o chamado esquife – Dulce treina de tempos a tempos, mas ainda não se sente confiante para competir. «Às vezes, vamos para a barragem do Maranhão, em Avis, treinar no esquife. Nunca caí na água – o que é um milagre! mas ainda não fiz nenhuma prova sozinha», diz, a rir.

O segredo para tanta actividade parece simples: «É preciso querer fazer desporto, não arranjar desculpas para faltar e começar com companhia, nunca sozinho. Arranje três ou quatro amigos, para, no caso de algum faltar, haver sempre alguém que vai e que motiva o resto do grupo».

Em especial agora, no Inverno, com o frio e os treinos à noite, uma vez que, ao final do dia, o sol já se pôs. «No Inverno remamos de noite. Há uma autorização do Porto de Lisboa para se utilizar uma parte do rio e o barco vai sinalizado com uma luz própria».

O próximo objectivo de Dulce Várzea, de 50 anos e mãe de três filhas, é chegar às competições internacionais.«Tem de haver muito trabalho, não se pense que se chega ao barco e se começa a remar. Para atingir a elegância do remo é preciso treinar muito».

E as dificuldades surgem rápido, sem ser necessário passar qualquer fronteira: «No Norte, por exemplo, as mulheres têm muita força, são fisicamente fortes, não temos qualquer hipótese»,  acrescenta, lançando uma gargalhada. Em Lisboa, há poucas mulheres na casa dos 50 anos a praticar a modalidade. «Somos poucas veteranas, três ou quatro. Quem quiser é bem-vinda», explica a farmacêutica, lançando o apelo: «Meninas, mulheres, toca a remar!».

Mas há um desafio maior, aquele que não deixa Dulce Várzea desistir: «Na minha idade já não queremos ser campeões de nada. Queremos é ser campeões de nós próprios. Estamos a manter um constante desafio connosco, de superação dos nossos limites, e não tanto com os outros». E como o corpo «vai reagindo bem ao exercício», a motivação é cada vez maior. «É isso que nos faz querer ir mais além e não desistir».

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​Quando começou, sentiu imediatamente «uma melhoria na postura e as pernas mais fortes». Hoje, no dia-a-dia, não tem cuidados de saúde especiais, além de uma alimentação que tenta que seja equilibrada.

«A grande exigência do remo é a força. Seja para remar, seja para tratar do barco, desde o início para levá-lo à água, como depois no final, para lavá-lo e guardá-lo. São as pessoas que vão remar que o fazem», explica e acrescenta: «Por isso é que se começa no remo com uma formação indoor. Quando vamos para a água já sabemos umas coisas».

Esforços que são rapidamente recompensados: «Estar ali no meio de uma barragem ou de uma paisagem bonita é muito agradável. Há uma grande paz», explica Dulce Várzea. 
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