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29 março 2016
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro Fotografia de Paulo Soares e Sara Matos Fotografia de Paulo Soares e Sara Matos

Sucesso: Como eles lá chegaram

​​​​​​​A Farfetch, empresa que distribui online peças de roupa de luxo de 400 boutiques em 186 países e está avaliada em mil milhões de euros; a Ten to Ten, que distribui em pequenos supermercados de proximidade produtos alimentares portugueses de excelência; A Padaria Portuguesa que revolucionou a forma como iniciamos o dia. Estes são exemplos de “Negócios em Português” que vêm ao Congresso das Farmácias partilhar a sua fórmula para chegar ao sucesso.​

Farfetch - A empresa dos mil milhões

É um negócio português avaliado em mil milhões de dólares. O segredo? Com uma organização matricial – a casa-mãe é em Guimarães, a Farfetch, empresa que serve de ponte entre peças de roupa de alta-costura de 400 boutiques de todo o mundo e o cliente final, através de uma plataforma online, aposta fortemente em programação, desenvolvimento de software e gestão de stocks.

Desde 2008, ano em que foi lançada no mercado, a empresa de distribuição de moda de luxo está a crescer mais de 100% ao ano. Só em 2015 facturou cerca de 450 milhões de euros. O objectivo é tornar-se, dentro de dois anos, líder mundial no comércio online de lojas de designers.

Com escritórios abertos em Londres e Portugal – em Guimarães e Leça do Balio, perto de Matosinhos, onde está a base de operações – a Farfetch tem já espaços em sete países, garantindo uma audiência global.

Além de Portugal e Inglaterra, está representada na China, no Japão, na Rússia, no Brasil e nos Estados Unidos, país líder de compras online dos produtos da empresa. Estes escritórios permitem vendas para 186 países.

Aos EUA, segue-se o Reino Unido, Hong Kong, Austrália, Alemanha, República da Coreia, Brasil, Federação Russa, França e China como principais mercados dos 120 mil produtos de 1990 marcas disponibilizadas no site.



Para se ter ideia do potencial de crescimento da empresa, só em Portugal trabalham 512 pessoas das 1.100 que emprega em todo o mundo. E as perspectivas são mais do que animadoras: no final do ano, a empresa terá aumentado o número de colaboradores para mais de 700 no país, absorvendo o conhecimento que sai das nossas universidades.

Estruturada entre serviços de desenvolvimento da plataforma, serviços financeiros e gestores de contas das lojas associadas, bem como uma parte do serviço ao cliente, todos em Leça do Balio, parte do segredo da Farfetch reside no investimento no bem-estar das pessoas que aqui trabalham, com uma média de idades de 30 anos.

Além do ambiente descontraído na empresa, onde se vêem mesas de pingue-pongue, sofás em espaços comuns para reuniões informais, e o escorrega que serve de alternativa às escadas que ligam os dois andares do enorme open space, diariamente a Farftech oferece aos colaboradores o pequeno-almoço e sopa. Às terças e sextas, oferece também almoços temáticos.

E, num espírito de melhoria contínua, tem vários pilares que lhe servem de base de crescimento: “Be human”, “Think global”, “Be brilliant”, “Be revolutionary” e, em bom português, “Todos juntos”.​


Ten to Ten – A loja do bairro


A proximidade é um dos segredos do sucesso da Ten to Ten, empresa de distribuição alimentar que espera ter, até ao final de 2016, nove lojas estrategicamente abertas em bairros lisboetas.

Desde que abriu o primeiro supermercado em Telheiras, Lisboa, em Setembro de 2009, foram inaugurados mais dois em apenas seis meses: um no Alto dos Moinhos, Lisboa, outro em Cascais. A filosofia é idêntica em todos: apostar em produtos nacionais de pequenos produtores e apostar na proximidade, conceito este que foi muito inspirado nas farmácias, conforme confessam os sócios Pedro e Beatriz Capaz. «Quisemos ser a loja do dia-a-dia, estar presentes nos bairros», diz Pedro.

O desafio era grande, continua. Quando a Ten to Ten surgiu, «o comércio tradicional estava a definhar, sem capacidade de inovação e de gestão. Não havia pequenas cadeias de distribuição alimentar. Se acreditássemos que era possível mudar isso, introduzindo um conceito com inovação, com produtos que as pessoas pretendem, a preços acessíveis, alterando hábitos e levando as pessoas a economizar, comprando apenas os produtos que utilizam e gerindo, assim, melhor o seu orçamento, teríamos sucesso». Têm.

“Poupe na hora, ganhe no tempo” é o lema das lojas Ten to Ten, cujo nome remete para o horário de abertura: das 10h da manhã às 10h da noite – sete dias por semana. Estes factores, juntamente com a valorização dos produtos nacionais e o acesso a pequenos produtores sem escala, mas com vontade para colocar os seus produtos nas grandes superfícies, granjearam, logo desde o início, «uma boa adesão» nos bairros em que a Ten to Ten está presente.

O objectivo agora é solidificar o que foi conseguido. Quanto aos clientes, «podem esperar ter frescos realmente frescos – a carne e o peixe por exemplo, são sempre do dia, e todos os produtos líderes de mercado». Mas «se quiser uma coisa diferente, nós também temos», assegura Pedro Capaz.​

​A Padaria Portuguesa – Um velho conceito revolucionado


Tudo começou em 2009, quando dois primos, Nuno Carvalho, dono de uma carreira sólida no grupo Jerónimo Martins, e José Diogo Quintela, um dos quatro Gatos Fedorentos, juntaram a ideia, e o dinheiro, para criar um novo conceito de padaria que levasse a uma também nova forma de começar o dia. Eis o típico exemplo de um velho conceito revolucionado, materializado, pela primeira vez, em Novembro de 2010, na Avenida João XXI, em Lisboa. Dois anos depois eram já dez as lojas abertas – número que dobrou no ano seguinte, só na capital uma nova fábrica e mais de 90 colaboradores.

Nuno, que teve a ideia e se apresenta como padeiro, explica que, ao mesmo tempo que «não existia em Portugal uma visão organizada» para este sector da restauração, a oferta não ia «ao encontro das expectativas dos consumidores de hoje». Daí que, quando caminhava por uma rua de Lisboa e viu uma carrinha de distribuição de pão, tenha tido a ideia de criar esta «padaria de bairro com marca própria», como a define desde o início.

«Trabalhamos com o objectivo de desenvolver relações de proximidade com os consumidores», sublinha Nuno Carvalho, assentes numa oferta de binómio qualidade/preço acima da média. Em termos concretos, foi gerada uma nova cadeia de valor, que arranca no fabrico próprio de pães e bolos – no qual se especializaram, e onde se inclui a famosa massa brioche – e termina na venda nas lojas da marca, todas com uma identidade própria mas simultaneamente comum.

A meta d’A Padaria Portuguesa é agora chegar às 40 lojas até ao final de 2016. Não falta muito: hoje são 39 lojas, mais de 700 colaboradores. Recebe, todos os dias, mais de 25 mil clientes e é uma das principais empresas no mercado da restauração. Compra diariamente um milhão e meio de quilos de laranja, 750 mil quilos de farinha e 150 mil quilos de açúcar. É um dos maiores clientes da reputada Delta e contribui, diariamente, com toneladas de comida para instituições de solidariedade social.

O palmarés é também impressionante: venceu já o Prémio Mercúrio para o Melhor Comércio, foi o Entrepeneur of the Year, da Ernst&Young, PME de excelência e Superbrands of the Year 2015.

Em 2016, os dois primos esperam ter um volume de negócios de 26,4 milhões de euros.​


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