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Texto de Carina Machado e Carlos Enes Texto de Carina Machado e Carlos Enes Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Segurança escreve-se sem caneta

​​​​​As farmácias portuguesas são pioneiras a oferecer aos doentes aconselhamento em vários canais.

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Somos todos do tempo em que aviar uma receita médica ao balcão das farmácias era um complexo ritual, que combinava aconselhamento farmacêutico com trabalhos manuais. O farmacêutico andava sempre com várias canetas na bata. Quando chegava o momento de nos aconselhar sobre o uso correcto do medicamento, puxava de uma e escrevia na embalagem as indicações principais. Depois recortava, cuidadosamente, com um x-acto, os códigos de barras. Finalmente, colava esses recortes, com fita-cola, na receita de papel que ficava na farmácia.

Com a desmaterialização das prescrições médicas, as embalagens e os dedos dos profissionais de Farmácia passaram a estar a salvo de cortes de lâminas. Mas só no dia 1 de Março o velho ritual passou de vez a assunto de museu. O projecto de Segurança na Dispensa e Toma de Medicamentos (SDTM), disponibilizado pela ANF em todas as farmácias do país, acabou com a era das indicações manuscritas nas caixinhas de medicamentos.

A rede portuguesa de farmácias é a primeira no mundo a oferecer aos doentes um serviço de aconselhamento integrado. Os grandes objectivos são a promoção do uso correcto dos medicamentos e a melhoria da adesão à terapêutica. Os portugueses passam a ser informados da altura certa e da forma correcta de tomar cada fármaco, através de uma multiplicidade de canais: etiquetas de posologia, talões com resumos posológicos, e-mails, mensagens de telemóvel e uma app.


A farmácia imprime etiquetas com a posologia e cola-as nas embalagens

«Em parte alguma a comunicação farmacoterapêutica está a ser trabalhada como em  Portugal», afirma Luís Lourenço, secretário da Secção de Farmácia Comunitária da Federação Internacional Farmacêutica (FIP), que federa profissionais de todo o mundo. Há etiquetas de posologia noutros países, esclarece, «mas a informação não tem o mesmo nível de customização que cá e as restantes ferramentas que temos no projecto simplesmente não existem neste contexto».

No fundo, o projecto SDTM é um algoritmo alojado no módulo de atendimento das farmácias. Por um lado, "bebe" informação das fichas dos utentes e, por outro, de bases de dados científicas permanentemente actualizadas. Isso permite optimizar o aconselhamento farmacêutico em função dos consumidores reais dos medicamentos. Por outras palavras, à dona Maria o que à dona Maria diz respeito.

Esta vantagem conceptual de partida permite múltiplos resultados práticos: emissão de alertas para erros de posologia ou de duplicação de medicação na altura da dispensa; frases de segurança adaptadas à condição de cada utente; envio de avisos, a posteriori, para a necessidade de reabastecimento, no caso de medicações crónicas. «Durante anos, reunimos uma quantidade enorme de small data. Hoje, as farmácias conhecem, de facto, o historial dos seus utentes. Isso permite-nos personalizar informação a um ponto difícil de replicar», afirma Luís Lourenço, que é também director-técnico da Farmácia Central, no Cacém.
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