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29 agosto 2019
Texto de Bruno Sepodes (Farmacêutico, vice-presidente do Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos) Texto de Bruno Sepodes (Farmacêutico, vice-presidente do Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos)

Regresso ao futuro

​​​​​​​​​​​​As farmácias vão imprimir medicamentos personalizados.

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A personalização da terapêutica, adequando-a às características de cada doente, exerce um enorme fascínio sobre quem trabalha com o medicamento. 

A impressão 3D (tridimensional) vai revolucionar a farmácia. Para já, permite produzir comprimidos com várias formas e dosagens. A maior vantagem desta nova tecnologia é a possibilidade de o farmacêutico produzir um medicamento com características únicas, impossível na produção convencional em larga escala. 

Escolher a forma, o tamanho, ou a velocidade com que a substância activa se liberta pode ser importante para doentes com necessidades específicas. No caso das crianças, por exemplo, a impressão 3D pode ser a solução para doses não disponíveis actualmente, e comprimidos com formas mais simples na deglutição. 

Para quem toma muitos medicamentos, poder passar a tomar um único comprimido, com toda a medicação diária, e uma precisão de dose até agora nunca vista, será uma enorme vantagem. Para o farmacêutico, representa o regressar às origens, ao tempo em que manipulava e preparava individualmente a medicação para o doente. Na altura, os medicamentos eram preparados na farmácia “segundo a arte”. 

O primeiro medicamento do mundo impresso por tecnologia 3D foi autorizado nos Estados Unidos da América, em 2015, para o tratamento da epilepsia. Não falta muito para alguns projectos nacionais chegarem às farmácias dos hospitais e, mais tarde, às farmácias comunitárias. 

A impressão 3D será crescentemente mais tecnológica. A arte, a ciência da formulação, e o controlo da qualidade do produto final continuarão a ser a prioridade do farmacêutico. 

Não é difícil prever um futuro em que o médico passe uma prescrição que segue electronicamente para a farmácia. Através de uma simples picada no dedo, para obter uma gota de sangue, o farmacêutico determinará parâmetros bioquímicos e genéticos, que introduzirá num programa informático. Esses dados permitirão a impressão 3D com doses personalizadas de vários medicamentos, ou mesmo um único comprimido com toda a medicação prescrita pelo médico. 

O futuro está mesmo a chegar.​
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