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14 janeiro 2017
Texto de Luísa Neves Texto de Luísa Neves Fotografia de Júlio Pimentel Fotografia de Júlio Pimentel

Porto zen

​​​"Autêntica" é o adjectivo que Daniela Ricardo elege para caracterizar a cidade. E as pessoas.

Na Invicta as «pessoas são genuínas, estão sempre prontas a ajudar o próximo. E a cidade reflecte isso nos parques, mercados, lojas, edifícios e monumentos que nos rodeiam», conta a enfermeira Daniela Ricardo.

A nossa viagem começa pelo Parque da Cidade, 83 hectares que “desaguam” no oceano Atlântico, onde o espaço concilia na perfeição a intervenção do homem com os caprichos da natureza. Esta antiga lixeira está projectada de tal forma que o rebuliço citadino não se atreve a tran​spor a barreira protectora da vegetação. Nascida em Matosinhos mas a residir perto do “pulmão” do Porto, Daniela Ricardo não abdica de visitar o espaço diariamente, para descomprimir do trabalho pesado no IPO, onde exerce há 19 anos «com muito gosto».

E foi o trabalho na área da Oncologia que despertou o interesse pelo shiatsu e pela alimentação   macrobiótica. «Precisava de novas ferramentas para ajudar os doentes, de forma autónoma, não invasiva e compatível com a minha prática profissional», recorda.

Ainda chegou a praticar shiatsu com alguns pacientes, mas as exigências do serviço não permitiram que continuasse com a experiência. Foi então que decidiu investir num curso de três anos sobre alimentação macrobiótica, área à qual podia juntar o gosto por cozinhar. Além de dar alguns conselhos práticos a doentes do IPO, iniciou um projecto de alimentação natural – a Biofamily. Nele cabem workshops, aulas individuais de culinária, consultas de orientação alimentar, retiros, viagens e jantares temáticos, entre outras actividades. 



E, tal como o estilo de vida macrobiótico,  nesta iniciativa «vemos o alimento como uma forma de cura».

Daniela Ricardo é exemplo de como a alimentação pode depurar o corpo e a alma. Há 10 anos foi-lhe diagnosticado um quisto no ovário com indicação para cirurgia, algo que quis evitar. Assim, durante um mês «fiz uma alimentação muito restrita, só à base de cereais integrais, leguminosas e vegetais, sem integrar nenhum alimento processado. Ao mesmo tempo, fiz banhos de assento com algas e sal marinho. E na consulta seguinte o quisto do ovário tinha desaparecido!».
 
No Passeio Alegre, voltamos a poder usufruir de um espaço verde na exacta zona em que o Douro se une ao Atlântico. Aqui, os barcos de pesca artesanal que pintalgam as águas transmitem mais uma vez a autenticidade do Porto, que ao longo de décadas conseguiu manter vivas as tradições. A Ribeira, eternizada por Manoel de Oliveira no magistral “Aniki-Bóbó”, com a Ponte Luís I como vizinha privilegiada, continua a ter crianças a banharem-se nas águas do rio. É inevitável ouvir ressoar na nossa memória a célebre lengalenga:

“Aniki bébé, aniki bóbó. Passarinho tótó. Berimbau. Cavaquinho. Salomão. Sacristão. Tu és polícia, tu és ladrão.”


A diferença entre os anos 40 do século passado e a actualidade faz-se pela presença de turistas, a extensa palete de cores dos prédios que se prolongam pelo Cais da Ribeira e pelas esplanadas que os acompanham. O itinerário escolhido por Daniela Ricardo leva-nos à Rua das Flores, em pleno centro portuense. Esta é a artéria que liga a estação ferroviária de S. Bento ao Mercado Ferreira Borges, actualmente transformado em sala de espectáculos. Quase em frente à Igreja da Misericórdia (séc. XVI) está o Museu das Marionetas do Porto, inaugurado em 2013. Ponto incontornável numa volta pelo Porto é a Torre dos Clérigos (séc. XVIII), exemplo da presença do Barroco na cidade.

A dois passos encontramos a Livraria Lello. Daniela leva-nos até lá ou não fosse ela própria autora de um livro. «Viagens da comida saudável» é o nome da obra que a enfermeira lançou há um ano e resulta das viagens organizadas pelo marido, Luís Baião, no âmbito de outro projecto: a Zen Family. 

Em Carne Viva
Ao almoço, o restaurante apresenta um menu que dificulta a tarefa de escolher entre a panóplia de iguarias. O Mil-folhas de Vegetais e o “Sem Espinhas” à Lagareiro são apenas alguns dos exemplos! O espaço também assume um compromisso de sustentabilidade ecológica, reaproveitando diversos materiais que existiam no edifício, na decoração e no mobiliário.


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