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15 outubro 2016
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

«Os jovens de Lisboa eram todos do Benfica»

​​​​​​​​​​O director-geral da Saúde não esconde a simpatia pelo clube mas garante que ficou mais benfiquista quando conheceu o sogro, arquitecto do primeiro estádio e jogador do clube.

​RS - Tem paixão pelo Benfica.
FG - A paixão é grande, mas não é doentia, é saudável. Tenho o meu coração no Benfica, gosto que o Benfica ganhe, mas não sou sócio do Benfica. Estamos a falar de uma época em que o rei era Eusébio e o Benfica foi campeão europeu, tínhamos 10/12 anos. Os jovens de Lisboa eram todos do Benfica e acontece que o meu sogro tinha sido arquitecto do estádio e por contágio, a minha alma ficou mais benfiquista.

RS - Ainda teve consigo os projectos em casa.
FG - ​Durante muito tempo tivemos em casa os desenhos e estudos. Mais tarde dei ao museu do Benfica as provas principais. Naquela altura Carnide era um descampado, via-se de todo o lado. Para além do primeiro e segundo anel o meu sogro fez ainda os dois terceiros anéis, antes da intervenção do arquitecto Taveira. Ele tinha sido jogador, mas dizia - com muita graça - que a única coisa que tinha recebido do Benfica foram uma botas. 
Lembrei-me logo desta coisa do código de conduta dos membros do governo, que só podem receber 150 euros... Ele também só recebeu as botas. Andava a correr, para trás e para a frente, e ainda ofereceu a sua criatividade...



RS - Devia ser louco pelo Benfica.
FG - Não era louco mas na altura, na ditadura, as pessoas tinham poucas atracções e ele era jogador do Benfica, porque queria promover o exercício físico, fazer ginástica, desporto... 
As coisas não eram como hoje, o Benfica não era uma indústria desportiva, era desporto. Ele contava que o presidente do Benfica o desafiou: "Ó ​Simões, não é capaz de desenhar um estádio?" e o meu sogro desenhou o estádio, em casa. Derrubou umas paredes, montou (não havia computadores!) uns estiradores e todas as noites, depois de jantar, gatinhava por cima das mesas, ele e mais um desenhador que fazia os cálculos. 
Eu já não vi isto, foi antes de ter entrado lá em casa. Quando entrei já o estádio estava feito. Ainda vi a casa que tinha sido preparada para receber os estiradores. Não foi o único voluntário, ele dizia que o cimento foi oferecido pelos sócios do clube, que, ao fim de semana, iam para lá trabalhar, incluindo ele. 
Gostava de saber qual foi a facturação dos arquitectos que fizeram aqueles novos estádios. ​
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