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17 dezembro 2016
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro Fotografia de Céu Guarda Fotografia de Céu Guarda

No mundo mágico do pão

​​​​​Em Seia, há um sítio onde o pão é rei e senhor. Uma viagem pela memória e pelos sabores no Museu do Pão.

Para lá chegar, é preciso serpentear a serra, que por estes dias se veste de branco. É ali que começa a fantástica história desse alimento tão português – o pão. Saboreamo-la no Museu do Pão, complexo privado na Quinta Fonte do Marrão, em Seia. 

Após um repasto de sabores da serra – e diferentes tipos de pão, claro está –, num restaurante requintado e espaçoso, com uma enorme vitrina para a montanha, onde dois ou três pequenos cães Serra da Estrela brincam, e um rebanho de ovelhas pasta tranquilamente, começamos a viagem na Sala do Ciclo do Pão. 

Lá estão os moinhos, a arca que se utilizava antigamente para guardar os cereais em casa: o trigo, o milho, o centeio. Vânia, a guia que nos acompanha, a nós e ao nosso cicerone, Nuno Augusto, conta que a massa para o pão era preparada em casa pela mãe, «que guardava um pouco de massa que tinha feito na semana anterior e a utilizava como fermento natural». Depois cozia-se ou em casa ou no forno comunitário da aldeia. 

Mostra-nos também os utensílios que se utilizavam em praticamente todas as aldeias portuguesas: o fragoeiro, o lambe-brasas com o trapo velho feito de serapilheira. Para o cultivo dos cereais, o arado, agrade, a charrua. 

Vêem-se imagens das antigas eiras, onde se utilizavam, por exemplo, as sovelas para descamisar o trigo, canastras utilizadas pelas padeiras, que faziam a distribuição do pão porta-a-porta. Até um livro de registo de calotes e uma divisora manual. E há a recriação de uma antiga padaria portuguesa com a utilização de modelos em tamanho real, com três moinhos a ser utilizados simultaneamente. 

Passamos à Sala Pão Político, Social e Religioso, onde é reconstituída a história do pão em Portugal desde a Restauração da Independência até à Restauração da Democracia. Uma história reproduzida em centenas de documentos originais dos mais variados géneros, como editais, cartas régias, folhetos publicitários, cartas, senhas alimentares. 

A arte ligada a este bem essencial não foi esquecida e é lá que Vânia nos leva a seguir: Vidro, arte sacra, madeira, postais antigos, diplomas, calendários, cerâmica, pratas são algumas das peças de arte ligadas ao pão expostas nesta sala. 

A visita pelo maravilhoso mundo do pão termina pelos olhos das crianças. No espaço temático, encontramos os Hérmios, duendes que nos guiam por uma antiga aldeia lusitana nos Montes Hermínios (hoje conhecidos por Serra da Estrela) e nos mostram, numa eira, a sorte de um rapaz que encontra uma maçaroca de milho vermelho, ou milho rei. O resto… é surpresa. 

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