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4 agosto 2018
Texto de Irina Fernandes Texto de Irina Fernandes Fotografia de Filipe Farinha, Alexandre Vaz, Miguel Ribeiro Fernandes e Anabela Trindade Fotografia de Filipe Farinha, Alexandre Vaz, Miguel Ribeiro Fernandes e Anabela Trindade

Não é não

​​​​​Lidar com a frustração fortalece a criança para a vida.
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​Os gritos – e também o choro – chegam a ser ensurdecedores. Margarida, de 13 meses, não dá tréguas à mãe com birra atrás de birra. «Ora porque quer dormir, ora porque quer o brinquedo do irmão», ou o telemóvel da mãe, que «é giro e o do pai nem tanto». Capricho, teima, obstinação são definições associadas à palavra birra.



O pediatra Hugo Rodrigues antecipa-se e lembra: «Antes de tudo, uma birra é a forma que as crianças têm de chamar a atenção» para conseguir o que pretendem. Na «maior parte das vezes», começam aos 15-18 meses, sendo as «manifestações cada vez mais exuberantes» com a idade. À boleia das primeiras teimas, Rodrigo Onofre ganhou a alcunha de ‘Pequeno gremlin’ «porque dá uns guinchos muito característicos e fica meio descontrolado», conta a mãe, Ana Sanches.

Aos primeiros sinais de birra, o melhor é avaliar o bem-estar da criança, verificando se tem sono, fome ou cansaço. «As birras surgem mais quando as crianças estão cansadas», alerta o pediatra. Em público ou em casa, «ignorar é o ideal», avança o médico, aconselhando os pais a assumir o controlo da situação, saindo de cena. «Deve dizer-se algo do género: "Já vi que estás a fazer uma birra. Eu vou sair, quando acabares volto e conversamos um bocadinho”». Deixar a criança por uns momentos sozinha, «desde que esteja em segurança», pode ser benéfico. «Os pais mostram que estão atentos, que perceberam a mensagem, mas que são eles que controlam a situação», sustenta Hugo Rodrigues. «Distraímo-lo com um brinquedo ou outra coisa qualquer. O nosso filho Miguel também ajuda muito, pois faz umas macacadas e distrai o Dinis», conta o pai, Luís Furtado.



Aprender a lidar com a frustração é um confronto que os pais devem estimular, permitindo à criança resolver problemas e lidar com as adversidades, tornando-se muito mais competente a nível individual e social. Não é com palmadas que as coisas se resolvem, antes pelo contrário, «Para além de ser muito questionável a sua utilidade, só vai estimular a criança a chorar mais e não resolve o problema», alerta o pediatra. A birra deve ser encarada como uma manifestação normal no desenvolvimento das crianças. «Não é vergonha ter um filho a fazer birra», sublinha Hugo Rodrigues, aconselhando pai e mãe – e também os avós – a libertarem-se de sentimentos de vergonha e embaraço se o filho/neto se atirar ao chão.
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