RFP - Acha que as farmácias vão oferecer cada vez mais serviços de saúde, como a troca de seringas e o controlo da diabetes, ou acabar a vender refeições rápidas, como nos EUA?
MRS - Depende da imaginação dos farmacêuticos. Vão ter de ir reconstruindo a sua posição numa sociedade diferente.
RFP - Faz diferença para si, que é um cidadão particularmente informado, ter um farmacêutico a dispensar-lhe os medicamentos?
MRS - Eu sou um caso pouco típico, porque, como hipocondríaco militante, tenho a tentação recorrente de me automedicar.
RFP - Que tipo de relação tem com o seu farmacêutico?
MRS - Não tenho um farmacêutico. Tenho um leque amplo de farmácias onde vou, com gosto e frequência, o que me permite comparar e escolher melhor em cada momento. Novamente, não sou um utente comum.
RFP - Esta geração vai sofrer mais para ser feliz em Portugal?
MRS - Espero que a saída da crise abrevie o compasso de espera de muitos jovens e dê alento perdido a muitos menos jovens.
RFP - Emigrar é uma solução que deve ser encarada sem complexos?
MRS - Cada caso é um caso. Nem pregar a emigração como panaceia é bom - salvo para meia dúzia de tecnocratas privilegiados e com vocações universais-, nem condenar a decisão de quem pense ser a solução para aquele momento e para o melhor ou menos mau projecto de vida no dito cujo momento.
RFP - Quem pode deve fazer complementos de reforma?
MRS - Dever, deve o maior número. Poder, podem muito poucos. As classes médias já puderam mais do que podem hoje.
RFP - É seguro fazer aplicações financeiras aconselhadas pelos gestores de conta dos bancos?
MRS - Há de tudo. Mas, um depositante ou aplicador, mesmo pequeno, e sobretudo se pequeno, tem de ser mais atento, mais informado e mais recalcitrante.
RFP - Arrepende-se muito, ou prefere pensar na próxima aventura?
MRS - Um cristão arrepende-se com frequência. Mas sou sempre, por natureza, optimista e virado para o futuro. Não fico agarrado a uma queda, levanto-me depressa e continuo o caminho. Sempre com alegria de viver.
RFP - Quem vão ser os candidatos a Presidente da República?
MRS - Só Deus sabe... se souber... O tempo que falta é uma eternidade em plena saída da crise, com legislativas pelo meio e uma grande indefinição entre áreas políticas e dentro delas.