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19 outubro 2018
Texto de Carlos Enes Texto de Carlos Enes Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes e Mário Pereira Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes e Mário Pereira

Farmácias prontas para ajudar o SNS a chegar às pessoas

​​​​​Congresso envia mensagens à ministra da Saúde e à Assembleia da República.

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​As farmácias manifestaram hoje à nova ministra da Saúde disponibilidade para ajudar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a chegar aos portugueses. «Há hoje um amplo consenso sobre a necessidade de criar uma nova relação, mais interligada e mais integrada, das farmácias com os diferentes níveis de prestação do SNS», declarou o presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF) na cerimónia de abertura do 13.º Congresso da organização, que reúne em Lisboa 2.000 farmacêuticos, proprietários e colaboradores, provenientes de 1.500 farmácias, de todo o continente e ilhas. Na visão de Paulo Cleto Duarte, essa integração não se limita aos cuidados de saúde primários, mas também à área hospitalar e aos cuidados continuados.

A Ordem dos Farmacêuticos endereçou a mesma disponibilidade aos deputados à Assembleia da República. «Na Lei de Bases da Saúde que agora se vai rever, não incluir as farmácias como parte integrante do Serviço Nacional de Saúde seria não reconhecer o país real», declarou a bastonária, perante a plateia esgotada do Centro de Congressos de Lisboa. 



Em nome da nova ministra da Saúde, Marta Temido, a presidente do Infarmed recordou que o Programa do Governo prevê «valorizar o papel dos farmacêuticos enquanto agentes de prestação de cuidados de saúde em articulação com todas as instituições do sistema de saúde e obviamente também do SNS». Maria do Céu Machado quis também falar aos congressistas «como médica». Neste papel, declarou que as farmácias estão especialmente vocacionadas para concretizar no terreno «uma medicina de oportunidade e proximidade», como é preconizado pela Organização Mundial de Saúde. «Quem mais próximo do cidadão do que o farmacêutico, quem tem mais oportunidades do que ele de intervir em saúde, quem melhor do que o farmacêutico para capacitar o cidadão?», perguntou a presidente do Infarmed, que não ficou pelas perguntas retóricas e respondeu mesmo: «Ninguém».

Os líderes das farmácias rejeitam qualquer «visão corporativa» e manifestaram aos bastonários e representantes das outras profissões «empenho no trabalho conjunto», para resolver os «problemas concretos» dos cidadãos, que devem passar a estar no centro do sistema de saúde. «O SNS não é dos agentes políticos, dos profissionais, dos actores da saúde. O SNS que queremos é dos portugueses», declarou a bastonária, Ana Paula Martins. «Devemos passar do plano administrativo e de segurança para uma dimensão clínica de relacionamento, interligando médicos, farmacêuticos e enfermeiros, para que o utente tenha uma continuidade nos seus cuidados, quer esteja no centro de saúde, no hospital ou na farmácia», expôs o presidente da ANF, Paulo Cleto Duarte.



No dia 31 de Dezembro, expira o Acordo celebrado entre os ministérios das Finanças e da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias. A ANF defende que um novo Acordo «tem de ser transparente e rigoroso, construído a pensar nas necessidades das pessoas e com disponibilidade para partilhar riscos com o Serviço Nacional de Saúde». As farmácias estão disponíveis para implementar novos serviços, desde que «estimulem um ciclo virtuoso de ganhos», para os doentes, o Orçamento de Estado e as farmácias.

O presidente da ANF alertou para a falência do modelo remuneratório das farmácias. De acordo com um estudo da Universidade de Aveiro, a farmácia média tem prejuízo para garantir o serviço público de dispensa à população dos medicamentos comparticipados pelo Estado. Neste momento, 23% das farmácias enfrentam processos de insolvência e penhora. O presidente da ANF considera urgente um programa para a coesão territorial das farmácias, que garanta a sobrevivência das farmácias que servem as populações mais pobres e isoladas, designadamente no Interior do país. 

O presidente do Grupo Farmacêutico da União Europeia (PGEU) lembrou que as doenças não transmissíveis matam 41 milhões de pessoas, o que equivale a 71% das mortes no mundo. Na sua opinião, isto representa um grande desafio para a profissão. «Nós, farmacêuticos, podemos contribuir profissionalmente aumentando a nossa participação em programas de intervenção e campanhas de prevenção, promovendo redes sanitárias e cuidados primários de saúde, para que todas as farmácias estejam integradas», referiu Jesús Aguilar Santamaria.​

 
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