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5 junho 2017
Texto de Carlos Enes Texto de Carlos Enes Fotografia de António Araújo Fotografia de António Araújo

Farmacêutico ao domicílio

​Bruno Machado entrega medicamentos por toda a ilha.

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Não é fácil, no continente ou nas ilhas, encontrar licenciatura tão genuína e avantajada. Bruno Machado estudou doze anos na Faculdade de Farmácia do Porto. Aprendeu Química, Farmacognosia, Virologia, Deontologia. Viveu tão intensamente a fase de formação que se matriculou em diversos estabelecimentos comerciais da cidade, para se apoderar das demais competências convenientes ao exercício profissional, como servir às mesas, auditar preços e transaccionar toda a sorte de produtos em ambiente de mercado, com escassa margem de lucro.

A vida tem mais valor quando desenvolvemos a capacidade de trabalho.

Não foi fácil arrancá-lo da farmácia para nos guiar pela ilha. Gosta muito do balcão, passa noites de serviço, confere contas e notas de encomenda na cave do estabelecimento. A Farmácia Pimentel, em Angra do Heroísmo, pertence à classe das farmácias-dinastia. Bruno é um farmacêutico de quarta geração. A mãe, Isa Pimentel, conserva a direcção técnica, na placa e de facto. Ele é o próximo, mas não tem pressa nenhuma. Na ilha Terceira, velocidade é sinónimo de absurdo. Na estrada circulam vacas, cabras e ovelhas – e ele passa horas ao volante, a entregar medicamentos ao domicílio. Não se esquece de uma criança da Praia da Vitória a quem levou um Fenistil de madrugada, mas a maioria dos fregueses são idosos solitários e isolados, sem meios próprios de transporte. Gasta 200 litros por mês de gasolina.

Se fizesse contas ao meu ordenado, este serviço dava prejuízo.

Ainda gosta do Porto como um vício, mas aos 38 anos olha para a frente e vê-se a chegar a velho na ilha. Os filhos crescem tranquilos, até o dia de decidirem qual o diploma que vão querer pendurar na parede da farmácia. Só vai haver quinta geração se eles tiverem vontade, orgulho e prazer nisso.

Uma farmácia não é uma loja qualquer. Só faz sentido se nos realizarmos profissionalmente.

Portanto, é preciso ter calma, atender o telefone e fazer boa viagem.
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