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10 dezembro 2018
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

«Estou a começar a gostar»

​​​O regresso à televisão. A liberdade de não estar dependente das notícias. O desporto, a dança e a neta.

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​Depois de um interregno, regressa à SIC como “A Procuradora”. Fazer televisão é como andar de bicicleta?
Acho que sim. Embora na SIC seja diferente de fazer jornalismo, porque é opinião.
 
Há um namoro com a câmara?
Sempre tive um bom relacionamento com a câmara. Descobri isso quando fui fazer as provas para a RTP. Estava aterrada. Pensei fugir antes de me chamarem, porque nunca gostei de perder. Com tantas raparigas engraçadas, pensei que não tinha hipótese. O estúdio estava às escuras, puseram-me um quadro para comentar. Estive três minutos a falar para uma câmara e esqueci-me de tudo o mais.
 
Como comentadora pode assumir as suas opiniões. Sente-se mais próxima da verdade?
O jornalista tenta transmitir a verdade dos factos às pessoas. Um comentador tenta transmitira sua verdade, que é feita da apreciação que faz desses mesmos factos. É sempre mais subjectiva. Mas talvez porque acima de tudo sou jornalista, tento ser o mais independente possível quando comento. Procuro a verdade documentando-me com factos. Não vejo diferença.
 

 
Tem o tempo contado para falar. Qual é o critério para escolher os temas?
Acompanho a actualidade da semana. Depois é mesmo o meu critério. Tento saber o que não foi tão falado mas é importante. Não posso deixar para trás a actualidade.
 
Que características deve ter “A Procuradora” Manuela? Ser totalmente imparcial ou defender causas em que acredita?
Eu não sou imparcial como comentadora, tenho opinião. Quando se é comentadora, a nossa experiência e vivência vêm ao de cima. Não me posso considerar completamente imparcial, mas tento ser, porque a minha formação é de jornalista. E porque sou independente. Não estou ligada a nenhuma formação política. Não tenho ‘rabos de palha’, nem tenho de agradar a este ou aquele. Sou, de facto, independente e posso ser imparcial. Mas tenho uma forma de pensar. Não é indiferente este ou aquele assunto.
 
Do que lhe custou mais falar enquanto "procuradora"?
Nada. Falo de tudo da mesma forma. Há coisas mais graves, do que outras. E quanto mais graves e mais prementes, mais se deve falar delas. E quanto mais responsabilidades os agentes desse acontecimento têm, mais se deve exigir.
 
Está a gostar?
Estou a começar a gostar. Ao princípio foi mais complicado, porque não estava habituada. Tenho opinião sobre tudo, mas dar essa opinião de uma forma sintética e compreensível para as pessoas às vezes é difícil.
 
Tem algum ritual antes de entrar em estúdio?
Tenho de levar uma caneta. Posso nem escrever. Vem dos tempos sem computador, em que era tudo com papéis. Fazíamos as anotações. Mas esqueço-me sempre da caneta. Na TVI ia para a maquilhagem à última hora. O genérico estava quase no ar e eu a entrar no estúdio, às vezes sem me conseguir sentar e sem pôr o auricular. Dizia: «Boa noite. Eu sou a Manuela Moura Guedes», fingia estar sentada e só depois da primeira peça entrar é que punha o auricular, me sentava e pegava na caneta. Era o meu ritual.

 
Imagino que tivesse grandes descargas de adrenalina.
Não. Uma vez fui fazer um electrocardiograma e durante o exame notaram uma irregularidade. Mandaram-me andar 24 horas com um aparelho – holter. Não sei o nome, confesso. Avisei-os de que estava a fazer um jornal: «Edito e apresento um jornal». Eles responderam-me: «É bom que diga isso, porque quando estiver a apresentar o jornal o ritmo vai mudar». Durante a apresentação do jornal aquilo não se alterou nem um bocadinho.
 
O que gosta de fazer quando sai do programa?
Comer. Saio sempre cheia de fome e vou para casa. Lá em casa já toda a gente jantou. Em casa, a "procuradora" não tem tratamento especial.
 
Apesar de se ter tornado polémica pela forma de entrevistar, também teve momentos de entretenimento, como o programa “Raios e Coriscos”.
O programa não era de entretenimento.
 
Mas era engraçado…
Foi no programa “Raios e Coriscos” que o Paulo Portas disse que nunca entraria na política.
 
Então isso não tem graça?
Tem imensa graça. Quando querem eles têm muita graça. Eles não querem ter graça, mas acabam por ter. Foi dos programas mais inovadores da RTP. Era inovador pelo embrulho, porque tinha os intervenientes. Hoje é difícil de ver inovação. Não havia telemóveis, nem Internet. Eu queria discutir a violência e consegui levar a estúdio vários protagonistas de violência.
 
De máscara, não era?
Sim, porque tinha um acordo. Tinha condenados a cumprir prisão. Havia um que tinha assassinado a mulher por adultério. Mas tivemos várias temáticas. Quando lá esteve o
Paulo Portas, no painel estavam o Vasco Pulido Valente, a Vera Lagoa, o Adolfo Luxúria Canibal. Também lá foi o Herman José. Eram os provocadores. Foi um excelente programa. O Miguel Esteves Cardoso também entrava mas era residente, tinha uma crónica muito divertida.
 
Afastada do ecrã, continuava a ser consumidora de notícias?
É agradável viver sem estar agarrado às notícias. Tive a grata surpresa de que me consigo ocupar. O que é muito bom saber. Consigo ir fazendo coisas variadas: trabalhos manuais ou outros mais intelectuais.
 
Dançar para si é uma libertação…
Gosto muito de dançar. Gosto de tango e de todas as danças. Não gosto de valsa, mas até às danças latinas acho graça. Já quis inscrever-me nos Alunos de Apolo, mas ninguém quis ir comigo. No ano passado tive aulas de ballet, mas estou parada há alguns meses porque tenho duas hérnias. Tive uma crise depois de uma aula de ballet. Gosto de todas as danças: africanas, latinas. Até gostava de fazer uma aula de kizomba.
 
E actividades para se libertar do stress?
Dançar e limpar. Sou maníaca com a limpeza. Obsessiva. Lá em casa gozam-me por causa disso.
 
Tem cuidado com a alimentação?
Tomo um bom pequeno-almoço: uma papaia, um iogurte, uma sanduíche de queijo e sumo de qualquer coisa. Café. Às vezes repito o pão com queijo.
 

«Se não fossem as costas, era uma atleta»
 
Faz desporto?
Gosto de nadar, mas não o faço muito. Gosto de bicicleta, mas não é andar para aí a chatear as pessoas. Correr, não posso, por causa da coluna. Ginástica também posso pouco, por causa da coluna. Subir às árvores dá? Fiz BTT, cheguei a andar a cavalo, mas desisti por causa das costas. Se não fossem as costas era uma atleta, já reparou? Ainda não fazem transplantes de costas, se fizessem…(risos)
 
Foi avó há um ano. Como é a experiência?
Fantástica. Nunca pensei.
 
A neta mudou o seu quotidiano?
Bastante. Estou muitas vezes com ela. É muito engraçada. Descobri que a vida está bem-feita, porque quando as pessoas já não têm filhos para cuidar, têm netos, o que é semelhante. É mais suave quanto a obrigações, mas a intensidade de gostar é a mesma. Podemos fazer com eles aquilo que não fizemos com os filhos, deseducar um bocadinho. E ela adora dançar. Estamos a pensar em ir as duas a uma noite de quizomba um dia destes.
 
Que género de urgência a leva a uma farmácia?
Sou viciada em farmácias. Tenho uma mesmo à frente de casa. E perco-me. Até sugiro que comprem produtos que vi noutras farmácias. Podia ser uma consultora de farmácia. Quando vou buscar alguma coisa saio de lá para aí com dez. Têm imensa paciência comigo. Costumo chegar e dizer: «Olhe, eu precisava de uma coisa que começa por... não me lembro». Eles têm a paciência imensa de me dar o que preciso. Depois começo: «Eu sei que precisava de mais alguma coisa» e às vezes nem preciso. Mas é aquela coisa! Na farmácia há sempre algo de que um dia vou precisar. Sou um bocado viciada, sim.
 
Recorre ao farmacêutico antes de ir a uma urgência?
Quando são coisas básicas, sim. É engraçado, porque esta farmácia perto de minha casa tem o meu número de telefone e avisa-me da chegada de produtos de que sabem que eu gosto. O meu marido já se esqueceu lá de coisas e ligam-me a avisar. É uma coisa de bairro.

 
 

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