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30 junho 2023
Texto de Irina Fernandes Texto de Irina Fernandes Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes

Melhor integração

​​​​​Desafios e oportunidades no setor da Saúde​ analisados por painel de especialistas.

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«O farmacêutico comunitário é, em muitas zonas do país, o único profissional de saúde a que as pessoas podem aceder». A constatação é do presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), que vê na mesma um desafio colocado a um sistema de Saúde que se quer universal. Mas vê também, e acima de tudo, uma oportunidade.

É que a proximidade às comunidades de que a rede de farmácias goza, assente na sua capilaridade - característica muito enaltecida por João Almeida Lopes, justifica que «sejam, de facto, uma porta de entrada e de circulação no SNS. Uma porta sempre aberta e de forma integra- da», completa Paulo Espiga, do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC).

Ambos intervieram na sessão plenária do 14.º Congresso das Farmácias, dedicada a identificar desafios e oportunidades no setor da Saúde, em que Espiga sublinhou ainda que, no que respeita às farmácias, a chave da oportunidade para o SNS está na palavra “integração”. «Se um farmacêutico identifica um problema a um utente, tem de ter um canal para o transmitir», vincou. Conforme afirmou, não só os farmacêuticos são profissionais altamente qualificados, como as ferramentas estão disponíveis. A maior resistência à mudança está mesmo «em nós próprios».

«Todos os dias tenho cinco ou seis pedidos de renovação de medicação crónica», comentou André Biscaia, identificando nisso um dos atuais desafios que se colocam aos profissionais, já muito pressionados na gestão do tempo. Para o médico e presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, deveria ser a farmácia comunitária a gerir, de forma autónoma, essa renovação. Urge, também por isso – advoga, ter «um processo clínico único, que represente toda a jornada de saúde das pessoas», e reflita uma partilha integrada de informação relativa ao histórico dos utentes, envolvendo todos os players do sistema.

Paulo Fernandes subscreve. A existência de «bons meios de comunicação» entre profissionais é, na opinião do farmacêutico comunitário e vice-presidente da ANF, fulcral para que o sistema se diga, efetivamente, centrado nas pessoas. Segundo afirmou, a rede de farmácias e as suas equipas técnicas podem representar para a Saúde uma fonte de oportunidades, em acessibilidade, eficiência e economia. Os serviços farmacêuticos já prestados podem ser alargados, devendo o Estado ser «o seu principal financiador», uma vez que são geradores de poupança. O setor está pronto e disponível, assegura, desde que «remunerado de forma justa e adequada».

Avultando o anteriormente dito, o médico epidemiologista Ricardo Mexia, que preside à Junta de Freguesia do Lumiar, destacou ainda o potencial de parceria entre o poder local e as farmácias na deteção de problemas de saúde e suas soluções. Como exemplo, apontou o projeto “Lisboa 65+”, um plano de saúde dedicado aos mais velhos, desenvolvido na capital portuguesa, e que conta com o envolvimento da rede.​