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2 agosto 2019
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes

Desafio permanente

​​​​​​​​​​​​​Doentes crónicos precisam de novas respostas.

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«É necessária uma «reengenharia da rede de cuidados e da própria sociedade, que dê resposta efectiva e integrada às pessoas que vivem com doença crónica», defendeu a ministra da Saúde na conferência anual da Plataforma Saúde em Diálogo, que reúne associações de doentes, promotores, profissionais de saúde e consumidores. 


Marta Temido defendeu «uma reengenharia da rede de cuidados e da própria sociedade»​
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Marta Temido declarou que a estratégia de redução da doença crónica passa por dois grandes eixos: adopção de estilos de vida saudável e resposta integrada dos serviços de saúde, a fim de melhorar a qualidade de vida dos doentes. Na sessão realizada em Lisboa, no dia 31 de Maio, a governante lembrou uma série de políticas públicas para reduzir os factores de risco, como a revisão da lei do tabaco e o imposto sobre as bebidas açucaradas, ambas de 2017. Mas, alertou, «a resposta ao problema não se esgota no Serviço Nacional de Saúde (SNS)».

O último Inquérito Nacional de Saúde revelou que mais de metade dos portugueses vive com pelo menos uma doença crónica e 16 por cento tem três ou mais.  As doenças crónicas estão entre as dez principais causas de morte e de morte prematura. Mais de metade dos óbitos, em 2017, teve origem em doenças do aparelho circulatório e tumores malignos. Oito em cada dez doenças crónicas têm origem comportamental.


Francisco Goiana da Silva desafia o Estado a investir mais em prevenção

O valor da prevenção foi o tema da intervenção de Francisco Goiana da Silva, docente de Gestão e Inovação em Saúde na Faculdade de Medicina da Universidade da Beira Interior e consultor no gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Saúde. O médico desafiou o Estado português a aumentar o investimento na prevenção. Hoje representa um por cento do orçamento da Saúde. A média europeia é de três por cento «É a única forma de o SNS ser sustentável», disse Goiana da Silva. O Ministério da Saúde deve ser chamado a intervir em áreas dispersas por outros ministérios, como a alimentação e actividade física, pois «é lá que se fazem sentir as consequências das más políticas». 


«A vida das crianças que têm dermatite atópica é um drama porque os outros pais pensam que é contagiosa», explicou o médico Mário Morais de Almeida, da Associação Portuguesa de Asmáticos

Na conferência “Viver com Doença Crónica”, vários doentes foram chamados a dar testemunho sobre a realidade vivida enquanto crianças, na escola, e no universo laboral. Não raras vezes, as crianças afectadas por doenças crónicas são vítimas de bullying. E também acontece «os outros pais pensarem que são doenças contagiosas», explicou Mário Morais de Almeida, da Associação Portuguesa de Asmáticos. É importante manter uma comunicação permanente com a comunidade escolar, explicar o diagnóstico e educar os cuidadores na escola.

Quem padece de uma doença crónica não pode trabalhar em igualdade de circunstâncias. Mas pode trabalhar, se forem garantidas condições para isso. Por um lado, condições físicas, como casas de banho, cadeiras, telefones de mãos-livres e outros equipamentos ergonomicamente adaptados. Por outro, condições ambientais, como horários ajustados, pausas regulares e teletrabalho. «Coisas simples, mas que requerem a aceitação dos colegas e da entidade patronal», explicou Inês Afonso, que sofre de fibromialgia. As pessoas com doenças crónicas devem ser vistas como activos e não como «activos de alto risco», disse Alexandre Silva, que sofre de esclerose múltipla. «Nenhum doente crónico quer ser aposentado por invalidez». 
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