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22 dezembro 2017
Texto de Sónia Balasteiro Texto de Sónia Balasteiro Fotografia de Alexandre Vaz e Miguel Ribeiro Fernandes Fotografia de Alexandre Vaz e Miguel Ribeiro Fernandes

Chá, broa e amor para dar

​​​​​​​​​​​​Em Fátima, a Farmácia Amiga angaria bens essenciais para uma associação em apuros. Em Tábua, Natal é tempo de partilhar música, brinquedos e carinho com os utentes de toda a vida.

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Farmácia Simões Ferreira - Tábua

No interior do país, Dezembro começou frio. Temperatura ideal para um chá acompanhado de broa, forma singela e inesperada de acolher quem entra na Farmácia Simões Ferreira, em Tábua.

São cinco e meia da tarde. «Hoje é o nosso chá de Natal», anuncia António Gonçalves. Responde ao convite Patrícia Nunes, de 43 anos. Ao entrar, é surpreendida pelo som da música ao vivo. Está a tocar "A Thousand Years", de Sting. O repertório, interpretado com esmero por quatro jovens da vila, inclui sucessos como "Pica do 7" ou "Amar pelos Dois". «Já viste? Escolheste bem o dia para vir», diz o técnico auxiliar de farmácia à amiga. Patrícia já conhecia «os rostos dos miúdos, mas não as suas proezas». Bebe uma chávena de chá, acompanhada de um pedacinho de broa. Feliz e retemperada, faz-se novamente ao frio da rua.

O chá de Natal é uma tradição «iniciada há muitos anos» por Maria José Carniça, directora-técnica há um quarto de século. Este ano, o concerto de André, Francisca, Maria e Inês, todos com 17 anos, veio aconchegar ainda mais os utentes. «A música é uma forma bonita de aliviar, de ajudar um bocadinho as pessoas a esquecerem as agruras», acredita a farmacêutica. Sobretudo este ano, em que ainda é visível, nos olhos e nas palavras de quem aqui vive, a devastação deixada pelos incêndios de Outubro.


 André, Francisca, Inês e Maria interpretam canções de António Zambujo, Salvador Sobral e Sting na farmácia

Nesta época, a farmácia ajuda como pode as instituições de solidariedade social do concelho de Tábua. «Com a crise, deixámos de o poder fazer como antes», lamenta Maria José Carniça. A tradição só sobrevive graças ao apoio da indústria farmacêutica e ao entusiamo de toda a equipa, que não dispensa fazer visitas de Natal a crianças, mas também a idosos institucionalizados.

«Visitamos as pessoas. Afinal, foram nossos utentes durante uma vida inteira. Entretanto, foram para o lar e deixámos de os ver… é uma forma de lhes dizer “Olá! Ainda cá estamos. Somos nós!”», explica Maria José. É o caso de Maria da Anunciação Pereira, de 90 anos, uma antiga utente e amiga, que vive há 18 anos no lar da Fundação Sarah Beirão. Com uma satisfação humilde e contagiante, a anciã conta que conhece «há muitos anos» as farmacêuticas. Fala da vida e agradece as visitas, retribuindo os votos de Feliz Natal. Pode ser apenas um pacote de lenços de papel, mas cada idoso tem direito a um miminho. «Obrigado pela lembrança», diz também o senhor João, de 87 anos.
 

 No lar da Fundação Sarah Beirão, em Tábua, vivem idosos que toda a vida conheceram a Farmácia Simões Ferreira

Para as crianças pobres, ou sem família, a farmácia lançou a campanha «Troque um brinquedo por um sorriso!». No ano passado, para além de muitas famílias utentes, os atletas do Grupo Desportivo Tabuense organizaram-se para doar brinquedos, jogos e livros. «Superou as nossas expectativas», congratula-se Marta Craveiro, farmacêutica substituta.

Este ano, a Farmácia Simões Ferreira levou oito triciclos e jogos de mesa didácticos às crianças do Centro Social Caeiro da Matta, da Paróquia de Midões. «Os nossos triciclos estavam todos sem rodas...Estes são excelentes!», exclama, alegre, a directora, Beatriz Vitorino.

Farmácias de todo o país lançam rifas, recolhas de fundos e de bens alimentícios em favor dos mais necessitados. Há muitos sinais de festa, mas também de solidariedade.

 
Farmácia Iriense - Fátima

Vista de fora, uma árvore com luzinhas de Natal parece ser a grande protagonista do escaparate da Farmácia Iriense, em Fátima. Mas o olhar de quem entra é logo atraído por uma grande caixa de madeira, aberta junto à árvore. “Farmácia Amiga”, anuncia. Esta caixa nasceu para fazer a diferença. «Todos os anos, no Natal, escolhemos uma instituição de solidariedade social da região e tentamos ajudá-la ao máximo», conta a sorridente directora-técnica, Joana Rocha, de 28 anos.

Os requisitos para receber o apoio da "Farmácia Amiga", devidamente listados na tampa da caixa de madeira, são simples: trabalho reconhecido em prol da comunidade local e sem fins lucrativos.


 Carla Margarido, directora da APAJE, recebe os primeiros donativos angariados pela campanha "Farmácia Amiga"

A instituição beneficiária faz uma lista das suas necessidades. A farmácia faz a sua doação. Os elementos da equipa também. Todos tratam de apelar à solidariedade dos utentes. A cumplicidade e a confiança construídas ao longo de todo o ano garantem a eficácia da "Farmácia Amiga". «Com o apoio dos utentes nossos amigos, conseguimos apoiar quem precisa mais», descreve Carmen Antunes, técnica de farmácia. 

No Natal de 2016, a comunidade de utentes e amigos da Farmácia Iriense levou o Natal às crianças portadoras de deficiência do Centro de Reabilitação e Integração de Fátima. Este ano, vai apoiar a Associação de Pais e Encarregados de Educação (APAJE) de Fátima, que serve 124 crianças, dos quatro meses aos 12 anos, em duas creches e um ATL. «Neste momento, a APAJE está a passar por algumas dificuldades financeiras. Por isso, é mesmo muito importante este apoio», revela a directora, Carla Margarido.

A APAJE fez uma lista de necessidades, incluindo medicamentos pediátricos de venda livre, termómetros, cremes muda fraldas e jogos didácticos. Há quem prefira doar bens alimentares. «Embora não tenha sido o nosso pedido, aceitamos de bom grado!», refere a responsável.

A utente Emanuela Vicente, de 21 anos, preferiu oferecer analgésicos e antipiréticos. «Tudo o que pudermos fazer para nos ajudarmos uns aos outros é importante. Se não, não estamos cá a fazer nada», afirma a rapariga.​
 
 

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